sábado, 5 de novembro de 2011

Aos pés da Santa.

Quando cheguei caía a noite cerrada
e o seu sorriso iluminava a madrugada
como lua prateada quando voa encantada
clareando o firmamento, prenunciando bom tempo.
Cheguei trazendo as novidades da estrada
e a nossa casa parecia ensolarada pra alegrar minha chegada.
E tinha flor em cada jarro de planta
e lá nos pés da Santa, a minha fotografia
com as palavras que diziam:
"Proteja meu homem enquanto guia!"
Vi no seu rosto a beleza de quem ama
e vi ainda que a saudade ardia em chama,
e sendo assim fomos deitar em nossa cama
toda coberta de renda branca, perfumada de alecrim.
Mas o meu peito era só de sofrimento.
É que guardava comigo um segredo
de uma paixão inesperada que me tirava o sossego,
e não havia pensamento que me deixasse a contento.
Quando acordei não tinha mais felicidade.
Já não olhava com igualdade a mulher que eu amava.
Ajuntei os meus pedaços, deixei o medo de lado,
lembrei o que é dignidade e lhe contei toda verdade
que ainda carecia contar.
"Parecia uma paixão passageira,
mas ainda essa noite deitei contigo e lhe amei pensando nela,
e não encontro punição que espante
todo remorso desse coração errante."
Vi nos seus olhos a garoa que descia,
como desce em noite fria, e orvalha a plantação.
Foi como um raio certeiro no meio da escuridão,
caiu direto no peito estraçalhando o coração.
Foi então que ela me disse:
_"Errar todo ser humano erra,
quero ver ter humildade pro perdão.
Pega o caminhão, vá trabalhar e vá com Deus!
Mas, quando voltar à noitinha, passe lá e diga adeus."
Quando eu voltei já era noite fechada.
Não me perguntou nada,
o seu sorriso era lua encantada
e tinha flor pela casa em cada jarro de planta,
e lá nos pés da Santa, a minha fotografia
com as palavras que diziam...
"Proteja meu homem das tentações dessa vida ruim,
faça por ele o que a Senhora um dia fez por mim."

domingo, 13 de março de 2011

sábado, 1 de janeiro de 2011

2011

Hoje me emocionei na posse da nossa “Presidenta”, como ela mesma se classificou, porque vi o respeito com que foi recebida e orientada durante a cerimônia. Lula foi, mais uma vêz, homenageado e destacado como um grande líder por Dilma, não deixando de dar um crédito ao seu vice, Michel Temer. Fiquei comovido também por ver, claramente, o povo de baixa renda esperando e se emocionando ao ouvir as palavras de compromisso durante seu discurso. Foi bonito de vêr, foi bom sentir um pouco de emoção nas pessoas, e não só ouvir as palavras escritas e pensadas. Ela chegou até a esquecer, por momentos, o papel à sua frente. Sei que todo brasileiro espera sempre que o poder cumpra seu papel honestamente. Confesso que fiquei decepcionado ao ver nossos parlamentares sendo arbitrários quanto ao reajuste exorbitante de seus proventos, num arroubo de oportunismo. Então que venha nossa Presidenta com sua raiz feminina, trazendo sensibilidade, mesmo com sua conhecida austeridade, mas com seu toque de flor que vi ao cumprimentar os Chefes de Estado e suas esposas, e no carinho com que foi, também, recebida por eles. Boa sorte pra nossa Dilma e pra nós, grande povo brasileiro, nesse 2011 que promete ser um grande jardim de realizações!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

FELIZ NATAL E UM GRANDE ANO NOVO!
Bem, esse ano eu quero desejar a todos os meus amigos, minha família e ao heróico povo brasileiro, 61,83% a mais de prosperidade, 133,96% de tranquilidade e segurança e, lógicamente, o que nunca pode faltar, 148,63% de saúde!... Eu sei que minha reza é forte, e como disse nosso Deputado Chico Alencar do PSOL, “É uma demasia!” Mas tudo bem, os meus amigos brasileiros merecem!! Que possamos fazer deste próximo ano, um exemplo de transparência de nossos atos, isso, é claro, em regime de urgência, porque 2011 está chegando com todo esse sol maravilhoso e não podemos deixar de curtir!
Enquanto nossos pobres governantes, que só tem o dinheiro como companhia, vão chorar as suas mágoas entre champanhe e caviar, nós vamos aproveitando o que nos cabe, como a boa música, a criatividade do nosso povo em todo esse artesanato fantástico, nas mãos curadoras das nossas mães, nos pés com asas nos nossos ídolos do futebol e das nossas passistas das Escolas de Bambas! Ainda mais agora que fiquei sabendo que “no Serviço Público a aposentadoria, em janeiro de 2011, poderá chegar a R$ 30 mil, enquanto que o teto do Regime Geral é de R$ 3.416,00 e se o segurado for mulher, poderá ainda perder quase 50% do benefício, é que fiquei achando tudo uma beleza, não é mesmo?... Fiquei orgulhoso dos nossos pobres sacrificados governantes, cuidando tão bem do nosso povo!... Fiquei até mais confiante no Ano Novo vindouro e já estou pensando em gravar meu DVD em homenagem a toda essa mística que tem perdurado e se expandido a passos largos, baseado no famoso slogan “Gosto de levar vantagem em tudo, certo?” Coisas do tipo que só o brasileiro, que é muito bonzinho e hospitaleiro, aceita.
Um beijo no coração apertado de cada amigo, cada cidadão, cada trabalhador, cada músico, cada artista, cada professor, cada médico, cada estudante, etc..., etc..., etc..., com muito carinho e sempre com muita perseverança e trabalho pra que este seja um ano de mais um passo nas mudanças que precisam acontecer, por dentro e por fora de nós! Fiquem sempre de olho na Paz!

Jota Maranhão
2010 / 2011

terça-feira, 31 de agosto de 2010

quinta-feira, 22 de julho de 2010

sexta-feira, 25 de junho de 2010

sábado, 19 de junho de 2010

BÔNUS

Acho mesmo que é um novo ciclo! Considerando meu inferno astral interferindo diretamente no humor, me parece que os dias tem passado com um ar nostálgico, quase saudosos dos tempos idos, quando o grande desafio era tocar minha bateria com a intensidade voraz de um adolescente. Tudo em volta tinha um sabor de vida meio alucinante, com a velocidade e tenacidade que não sentia na época mas que agora faz falta em tudo que me cerca. Quero ter as coisas imediatamente como se o sorvete fosse se derreter em apenas alguns segundos, como se a sede não fosse desaparecer se não tomada num gole só! Alta ansiedade pela vida! Mas o tempo tem estado mais comedido, mais cauteloso e não tem dado chance de sorvê-lo num relance apenas. Meus olhos acompanham as letras se formando palavras enquanto minhas idéias já são textos prontos e muito bem definidos dentro da minha alma, como se pudesse copia-los e colá-los, inseri-los prontos, aos borbotões. Se assim fosse, eu até me deteria mais vezes diante do papel para escrevê-los. Mas dessa maneira a preguiça chega antes e toma conta do lugar, me empurra pro lado e pega a viola, displicente, reticente... Meu gravador já está entulhado de melodias que na hora me parecem perfeitas, imortais, mas que segundos após já ficam pra trás, esquecidas. No volante do meu carro eu tento pegar o tempo paralelo, aquele que se mostra numa velocidade mais adequada ao meu íntimo. Sempre corro demais, ando querendo chegar lá não sei onde!... Acho que é um novo ciclo que chega com a compreensão dessa fase mais desacelerada, não de dentro pra fora, mas por tudo que acontece no mundo, de fora pra dentro. Meu tempo fica mais escasso. As atenções se dividem em tantas partes que não me dou conta. Vivemos numa cidade espantosamente grande, nos sugando cada vez mais atenção e energia mental, dividindo com ela nossos amores e sentimentos mais profundos. Temos tanto o que viver que parecemos lentos ao dedicarmos um tempo a mais à alguma coisa, já que outras tantas nos esperam com o bico aberto, com a fome furtiva, com seus olhos arregalados, nos fazendo sentir... lentos... muito lentos... Tudo que nos consome está em grande escala e demasiadamente enraizado dentro de um contexto que nos é difícil conhecer a outra ponta. Com nossos parceiros mais próximos, ou até mesmo com quem dividimos a cama, nos é complicado atender aos anseios mais simples, considerando que, provavelmente, não assistimos aos mesmos programas de tv, com seus apelos únicos, e o que passamos a querer da vida, geralmente é conseguido através de complicados mecanismos de persuação dos dois lados, pra se ganhar tempo, ao invés de conversa mais franca e mais profunda, gastando alguns minutos a mais, deixando as palavras isufruirem de seus tempos devidos pra virem da cabeça e do coração, até sairem através da boca, como um diagnóstigo do sentimento, pra podermos interagir e entender o tempo de entendimento de cada um. Não sou filósofo. Longe está de mim essa capacidade aguda de observação, mas sinto na pele o frescor do tempo passando... Ele é o mesmo, com seu ritmo exato, complacente, compassado. Nós é que não o vemos assim. Há quem diga que as horas cada vez se estreitam mais, como se isso pudesse acontecer. Um minuto agora são cinquenta e oito segundos! Impossível! Mas até que parece... Por isso, agora, estou decidido a gastar mais meu tempo. Já que meu carro não consegue alcançá-lo, minhas pernas já não correm tanto e tenho muitos amigos pra conversar, decidi que vou gastar mais tempo em cada coisa que fizer, dedicando um pouco mais de alma a cada evento. Vai me parecer que o minuto terá apenas uns cinquenta segundos, mas tudo bem, será assim daqui por diante. Quem sabe o tempo está na promoção do tipo: _“Gaste um minuto a mais do seu tempo conversando com alguém e ganhe um bônus de trinta minutos de uma vida melhor!” Vou querer perder alguns minutos extras tomando um banho de sol deixando seu calor entrar pelos poros, ouvir uma música a mais cada dia como quem boia no mar, tomar um copo d'água em pequenos goles provando seu sabor, ler algum livro que está na estante há tempos tocando cada página como se toca a pele e fazer amor procurando mais prazer nas entrelinhas!... Vai ser assim. Talvez consiga sentir mais a consistência do tempo e, quem sabe, roçá-lo com a ponta dos dedos fazendo pequenos desenhos em ondas. Vou tentar. Aliás, já comecei. Sem querer me dei conta que o tempo deu uma paradinha pra ver o que eu escrevia!...

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009


Aos meus antigos e novos amigos desejo que estejamos mais próximos em 2010. Que sejamos mais sinceros, façamos mais coisas juntos e que a música tome conta de nós. Enquanto houver canções em nossos corações estaremos salvos! Um grande abraço apertado!

domingo, 8 de novembro de 2009


As presenças de Julio Zartos/violão aço, Juran Ribeiro/percussão, Soni Maranhão/vocais e percussão e a participação especial de Beto Saroldi/sax, vão dar um brilho todo especial à noite, onde vou mostrar algumas canções do CD "VIRTUDE" e ainda lembrar a canção "Ela Une Todas as Coisas", em parceria com Jorge Vercillo, que rendeu uma indicação ao Grammy Latino. Até lá!

sábado, 17 de outubro de 2009



Vou contar com as presenças neste Pocket Show, do meu amigo e parceiro Julio Zartos no violão aço e da minha mana Soni Maranhão nos vocais e percussão. Quero mostrar algumas canções do CD "VIRTUDE" como Encontro das Águas, Virtude, Retrós, Carmesim, Das Dores, Jóia Rara, Êxtase, mas sem deixar de lembrar Ela Une Todas as Coisas, que não está no CD mas com certeza estará no DVD. Um beijo e até lá!


Dando sequência ao show "VIRTUDE" estarei com a banda em Ilha Solteira, cidade linda do interior de São Paulo, onde ocorre um dos maiores festivais de MPB do Brasil. Todos os anos vou como jurado mas por conta do lançamento do CD VIRTUDE vou fazer o show de abertura com a banda composta por Flávio Pereira/baixo, Cassio Acioli/bateria, Julio Zartos/guitarra e violão aço, Soni Maranhão/vocais e percussão.


Com as Participações Especialíssimas de Altay Veloso, Paulo Cesar Feital e Jorge Vercillo, o lançamento da Turnê do CD VIRTUDE no Teatro RIVAL PETROBRAS vai ficar pra sempre no meu coração. Foi uma noite iluminada! A banda formada por Flavio Pereira/baixo, Wilson Nunes/teclado, Cassio Acioli/bateria, Julio Zartos/guitarra e violão aço, Roberto Stepheson/sax e flauta e Soni Maranhão/vocais e percussão me deixou à vontade pra curtir a casa cheia e os amigos que estiveram presentes. Obrigado pelo carinho e pé na estrada!

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Mar Sem Fim

Eu andava solto pela vida sem você
Sem olhar, sem perceber as coisas ao redor
Você foi um brilho, estrela na escuridão
E eu abri meu coração!...

Meu peito era um mar sem fim
Seu corpo... embarcação
Mas eu vi seu rumo no horizonte se perder
Vi o seu destino, o tino, a sorte em outro mar
E assim eu te perdi do olhar...

Saudade de você, amor
Eu vivo sem querer viver
Sonhava com você assim
Ancorada aqui em mim!...

Na noite dos meus dias eu só via solidão
Mas você foi guia, meu farol na imensidão
Eu vivia da ilusão que um amor nunca tem fim
E assim te vi fugir de mim!...

Saudade de você, amor
Eu vivo sem querer viver
Sonhava com você assim
Ancorada aqui em mim!...

domingo, 10 de maio de 2009

Vício.

Não sei bem porque só me dá vontade de escrever, compor e tocar quando estou triste. Acho que a solidão põe seu espelho enorme bem na minha frente e me mostra cruelmente o que tento esconder de mim mesmo todo o tempo. É só começar a cair a primeira lágrima de saudade, que lá vou eu pro violão, papel e caneta. Esse trio fica meio esquecido quando tudo em volta tem um ar de alegria, tudo está ajustado e tenho pessoas queridas à minha volta. Mas vem aquela ponta de dúvida, ou de arrependimento, ou de ciúme e já me vejo catando folha e qualquer coisa que escreva pra ver se a dor passa. É de uma sutileza felina. Mal me apercebo e já estou nas garras dessa loucura. Reluto, fujo, me embrenho por lugares na minha alma que acredito que nunca serei descoberto, mas não tem jeito... lá vem a solidão!... Ela me vislumbra e me arrebata! Me tira dos braços da ilusão de serenidade e me joga brutalmente sob os pés da verdade crua. Mas com essas idas e vindas ao meu poço sem fundo descobri que não é a calmaria que me alenta. A agonia da saudade é uma espécie de recompensa velada pra que a poesia e a música possam entrar e se instalar. Nada como a dor pra se notar o violão meio empoeirado no canto da sala. Hoje foi assim, um dia desses. Fui resistindo ao máximo, deixando as horas passarem, me distraindo com outras coisas, tentando não olhar o espelho seco da realidade, mas chegou a hora de pisar na armadilha pronta pra me roubar o sossego, sacudir meus alicerces, quebrar as trancas e cadeados das portas e janelas, rachar o concreto das paredes, do teto, do piso, estourar os canos e deixar jorrar o suor até ela chegar, inteira, clara, remediadora, pacificadora! Ela, a canção! Brilhante! Só ela ilumina e apazigua. Só ela troca as lágrimas de dor pelas de felicidade! Não tem outro sentido. Esse é o ópio que me vicia. A dor vem camuflada de um grande amor, me dá dias e momentos e horas e anos maravilhosos pra depois se mostrar inteira e repentinamente, pra que tudo vire um inferno só, com muito sofrimento ardido e pontiagudo, pra que as mãos procurem desesperadamente as cordas, o papel e a caneta, pra que a canção seja tão imensa quanto a dor, grandiosa e indestrutível, pra que seja eterna, fale direto ao coração quase sem passar pelos ouvidos. Parece até que entra pelos poros, vai direto ao sangue, o envenena e acelera os batimentos pra que os olhos fiquem injetados e as mãos tremam e o criador tenha respeito pela criação! Não sei bem porque escrevo, mas deve ser por isso, pelo vício dessa solidão.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

2008.


Esse ano eu ganhei muitas coisas boas que vieram com um brilho todo especial, trazendo dias com sons, palavras e sentimentos lindos! Ganhei novos amigos. Alguns me pareceram como se já fossem antigos e fiéis parceiros, outros chegaram com mistérios pra desvendar. Uns vieram com ouro, outros com prata e alguns sem nada. Todos entraram no meu coração. Esse ano foi como terra fértil que está pronta pra receber a semente. Me compreendi melhor e ganhei a possibilidade de estar mais perto dos que amo. Ganhei presentes que dinheiro nenhum compraria! Ganhei carinho sincero, abraços de reconhecimento. Estive perto, mas muito perto do coração de algumas pessoas, que até consegui ouvir alguns segredos que vou guardar pra sempre comigo. Ganhei noites ensolaradas e dias de lua cheia. Ganhei estrelas. Fui até estrela, por um momento!... Ganhei um beijo inesquecível. Ganhei um abraço que até fiz uma música pra ele!... Ganhei um olhar de mel... Esse ano eu ganhei muitas maravilhas!... O que querer mais? Me sinto egoísta pedindo alguma coisa a mais da vida! Mas é que, em contrapartida, também perdi. Não sei bem como, mas perdi um pouco mais do tempo... Escorreu por entre os dias... Também perdi um grande amor. Isso doeu. E como doeu. Doeu até os ossos, passou e foi até a alma! Pareceu não ser justo. Se o tempo tivesse parado e esperado tudo se resolver e depois tivesse voltado a andar... Não sei se peço pra que esse amor espere o tempo certo, ou se peço pra voltar no tempo em que era tudo perfeito e possível, mágico e encantado! Não sei qual das duas coisas impossíveis eu peço!... Mas como agora é tempo de pedir um presente, queria mesmo que esse amor nunca acabasse, e mesmo longe, separado por terras distantes, nunca deixasse de existir, porque amor assim é alimento pra alma, é marca que fica na eternidade, e um dia, quem sabe daqui há quanto tempo, ele vai inspirar outros amores!... Queria pedir pra nunca ser jogado num canto, esquecido como um chinelo velho. Melhor seria lembrá-lo todos os dias, cultuá-lo num santuário, porque amor assim não se ganha em todas as vidas. Amor assim é pra ser guardado no brilho do olhar! Se tenho ainda o direito de querer um presente, que seja este. No mais é agradecer à excelência da vida que todo amanhecer vem nos brindar com suas surpresas extraordinárias! Um beijo de carinho pra todos os que estiveram “presente” na minha vida até aqui, esperando que bons sentimentos continuem nos unindo nesse ano que virá!
Feliz Natal e um Novo Ano de Felicidade!

Jota Maranhão
Dezembro de 2008

domingo, 14 de dezembro de 2008

Antes de virar nuvem.


Naquela noite a chuva descia do telhado e respingava pra dentro da varanda. Obedecia à força sutil do vento. Coloquei as plantas no beiral e fiquei olhando as gotas que caíam sobre elas. Nada era programado, tudo à mercê do acaso. Umas eram gotículas que nem chegavam sequer a balançar uma pequena folha, e outras maiores, com volume que envolveriam uma formiga, pareciam gotas gigantes que deixavam as folhas durante uns instantes em constante movimento, até descerem escorregando e sumirem na terra. As folhas com jeito de lança, se adaptavam ao forçado balé por não terem aonde se amparar. Tinham raízes mas mesmo assim não deixavam de sofrer com a ação da chuva que instigava indiscriminadamente, devagar e constantemente, a parte que ficava exposta e indefesa. Se estavam gostando do frescor da água, só depois, olhando o viço que se mostraria com o tempo, eu iria saber. Naquela noite me senti como as plantas no beiral, sem poder contra as intempéries, e só alguns dias depois, iria saber se me molhar com meus pensamentos iria me fazer bem. Estava perdendo o controle das minhas certezas e nada que eu fizesse pra conduzi-las, adiantava. Era uma torrente incontrolável e apenas a emoção me encharcava. Eram gotas que me faziam balançar à mercê da sua vontade aleatória. Meus pensamentos e idéias se molhavam na chuva forte e se esvoaçavam nos ventos que açoitavam sem piedade as convicções de quase uma vida inteira! Só na solidão, sem querer dividir a responsabilidade das minhas decisões com ninguém mais, eu tinha que passar por essa tempestade! Talvez sentir a pele arrepiar com o vento do medo, ou, quem sabe, congelar com o frio na alma. O viço eu veria depois. Será que se mostraria? Será que faria minhas raízes mais fortes e as folhas mais firmes em seus galhos? Viver o avêsso de tudo o que vivi até agora era o desafio! Rebuscar, remexer, revirar todo o baú da memória à procura do momento do desvio do caminho, aquele instante que o ímpeto abriu uma brecha pro improvável, quando tudo ia dar certo. Viver, hoje, o avêsso seria voltar ao correto, ao destino traçado, ao provável! Sim, isso sim! Sou o avêsso do que por muito tempo amarguei! Não quero virar nuvem sem antes fazer o que vim pra fazer! Quero, um dia, chover as coisas boas de mim e balançar as folhas dos que me entenderão! Quero minhas palavras e melodias na pele dos sensíveis, ver o suor de quem sabe amar a vida se misturando com as gotas que vou chover. Não quero mais o mormaço ou as pedras sem fontes, tampouco os desertos. Prefiro os mares ou gotas ou letras que formam palavras ou músicas ou mesmo... lágrimas.
 

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Lá de Calcutá

Algum registro meu do milênio passado!! Quem diria... Rss...

http://poeiraecantos.blogspot.com/2008/11/jota-maranho-l-de-calcut-1986.html

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Minha Amazônia

Você tem um corpo macio demais
Um corpo com cheiro da mata
Você tem as crenças, as lendas, cristais
E o verde no dorso da mata
E suas veias são rios tão cheios
Navegam seus barcos pesqueiros
E no seu ventre o que semeia dá!...

Você tem no solo um segredo que faz
Roubar dos homens o sono e a paz
Você tem um brilho, um mistério que traz
Um vento estrangeiro, bandeiras reais
Nas suas teias aldeias ribeiras
Raízes que à raça seduz
Vem do seu colo o cheiro de Vera Cruz

Minha Amazônia!...
Minha Amazônia!...

E lhe cravaram as lanças
Confundiram dialetos
Lhe violaram criança
E as matas virando desertos

Raras vitórias régias
Léguas de doces águas
Filhos de sua história
Morrendo sem fama, nem glória!

Música e letra
Jota Maranhão e Amaral Maia

Essa música faz parte do meu primeiro disco "Navegante".

Momento mágico.

Fiz esse registro no Orkut logo após o show e agora quero deixar guardado aqui pra dividir com meus amigos.

Para Jorge Vercillo.

Canecão. Gravação do DVD “Todos Nós Somos Um”
31/Out e 1/Nov 2008

Mais do que a alegria contagiante de cada um que circulava pelos bastidores à espera do início do show, o que imperava de forma suave, doce e serena era a generosidade que todos os envolvidos emprestavam ao evento. Tudo aconchegado pela luz do intérprete, compositor e amigo que estava regendo uma orquestra que ia muito além dos músicos. O Jajá, aquele que leva e traz o violão pro Vercillo no palco, por exemplo, quando começou “Ela Une Todas as Coisas”, me confessou ali do lado, que canta sempre essa música pra mulher dele. E o segurança saiu do seu posto, perdeu a pose ao ouvir “Final Feliz” e me segredou:_ “Essa é antiga mas é a que mais gosto!”. Eu mesmo não contive as lágrimas e soluços ao ouvir todo mundo cantando “Encontro das Águas”! Presenciar esses momentos de afeto já valeriam estar ali junto com meu parceiro! Mas dessa vez ele foi mais longe. Fez o palco do Canecão virar sua sala de estar. Recebeu amigos com a intimidade do dia a dia. Chamou para o seu lado a simpatia e a voz maravilhosa de Sérgio Moah, fez questão da presença de Dudu Falcão, um dos nossos maiores letristas, cantou sua canção com Fátima Guedes, numa reverência à uma diva, e me deu um presente inesquecível e quase impossível de descrever com as simples palavras que conheço, quando cantamos “Filosofia de Amor”, uma música minha, escolhida por ele para estar no meu CD, e que ao mesmo tempo em que mostrava a canção para o público, me colocava, pela primeira vez, no palco do Canecão, o solo sagrado da MPB, lotado e com toda aquela energia maravilhosa! Disse no palco e repito aqui o quanto meu parceiro foi generoso e o quanto cresceu no coração dos seus fãs e amigos. Sei que estou passando a emoção de todos porque falávamos muito sobre isso no camarim. Ainda estou sentindo o calor dos olhares e as vozes cantando conosco num “coro lindo”! Um momento terno que será eterno! Ele me mostrou que, com a generosidade, podemos estar cada vez mais juntos e ter a sensação de sermos um!
Um beijo de gratidão e amizade, e que todas as forças do bem estejam sempre no caminho desse meu amigo, irmão e parceiro!

Jota Maranhão
Novembro/2008