segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

2008.


Esse ano eu ganhei muitas coisas boas que vieram com um brilho todo especial, trazendo dias com sons, palavras e sentimentos lindos! Ganhei novos amigos. Alguns me pareceram como se já fossem antigos e fiéis parceiros, outros chegaram com mistérios pra desvendar. Uns vieram com ouro, outros com prata e alguns sem nada. Todos entraram no meu coração. Esse ano foi como terra fértil que está pronta pra receber a semente. Me compreendi melhor e ganhei a possibilidade de estar mais perto dos que amo. Ganhei presentes que dinheiro nenhum compraria! Ganhei carinho sincero, abraços de reconhecimento. Estive perto, mas muito perto do coração de algumas pessoas, que até consegui ouvir alguns segredos que vou guardar pra sempre comigo. Ganhei noites ensolaradas e dias de lua cheia. Ganhei estrelas. Fui até estrela, por um momento!... Ganhei um beijo inesquecível. Ganhei um abraço que até fiz uma música pra ele!... Ganhei um olhar de mel... Esse ano eu ganhei muitas maravilhas!... O que querer mais? Me sinto egoísta pedindo alguma coisa a mais da vida! Mas é que, em contrapartida, também perdi. Não sei bem como, mas perdi um pouco mais do tempo... Escorreu por entre os dias... Também perdi um grande amor. Isso doeu. E como doeu. Doeu até os ossos, passou e foi até a alma! Pareceu não ser justo. Se o tempo tivesse parado e esperado tudo se resolver e depois tivesse voltado a andar... Não sei se peço pra que esse amor espere o tempo certo, ou se peço pra voltar no tempo em que era tudo perfeito e possível, mágico e encantado! Não sei qual das duas coisas impossíveis eu peço!... Mas como agora é tempo de pedir um presente, queria mesmo que esse amor nunca acabasse, e mesmo longe, separado por terras distantes, nunca deixasse de existir, porque amor assim é alimento pra alma, é marca que fica na eternidade, e um dia, quem sabe daqui há quanto tempo, ele vai inspirar outros amores!... Queria pedir pra nunca ser jogado num canto, esquecido como um chinelo velho. Melhor seria lembrá-lo todos os dias, cultuá-lo num santuário, porque amor assim não se ganha em todas as vidas. Amor assim é pra ser guardado no brilho do olhar! Se tenho ainda o direito de querer um presente, que seja este. No mais é agradecer à excelência da vida que todo amanhecer vem nos brindar com suas surpresas extraordinárias! Um beijo de carinho pra todos os que estiveram “presente” na minha vida até aqui, esperando que bons sentimentos continuem nos unindo nesse ano que virá!
Feliz Natal e um Novo Ano de Felicidade!

Jota Maranhão
Dezembro de 2008

domingo, 14 de dezembro de 2008

Antes de virar nuvem.


Naquela noite a chuva descia do telhado e respingava pra dentro da varanda. Obedecia à força sutil do vento. Coloquei as plantas no beiral e fiquei olhando as gotas que caíam sobre elas. Nada era programado, tudo à mercê do acaso. Umas eram gotículas que nem chegavam sequer a balançar uma pequena folha, e outras maiores, com volume que envolveriam uma formiga, pareciam gotas gigantes que deixavam as folhas durante uns instantes em constante movimento, até descerem escorregando e sumirem na terra. As folhas com jeito de lança, se adaptavam ao forçado balé por não terem aonde se amparar. Tinham raízes mas mesmo assim não deixavam de sofrer com a ação da chuva que instigava indiscriminadamente, devagar e constantemente, a parte que ficava exposta e indefesa. Se estavam gostando do frescor da água, só depois, olhando o viço que se mostraria com o tempo, eu iria saber. Naquela noite me senti como as plantas no beiral, sem poder contra as intempéries, e só alguns dias depois, iria saber se me molhar com meus pensamentos iria me fazer bem. Estava perdendo o controle das minhas certezas e nada que eu fizesse pra conduzi-las, adiantava. Era uma torrente incontrolável e apenas a emoção me encharcava. Eram gotas que me faziam balançar à mercê da sua vontade aleatória. Meus pensamentos e idéias se molhavam na chuva forte e se esvoaçavam nos ventos que açoitavam sem piedade as convicções de quase uma vida inteira! Só na solidão, sem querer dividir a responsabilidade das minhas decisões com ninguém mais, eu tinha que passar por essa tempestade! Talvez sentir a pele arrepiar com o vento do medo, ou, quem sabe, congelar com o frio na alma. O viço eu veria depois. Será que se mostraria? Será que faria minhas raízes mais fortes e as folhas mais firmes em seus galhos? Viver o avêsso de tudo o que vivi até agora era o desafio! Rebuscar, remexer, revirar todo o baú da memória à procura do momento do desvio do caminho, aquele instante que o ímpeto abriu uma brecha pro improvável, quando tudo ia dar certo. Viver, hoje, o avêsso seria voltar ao correto, ao destino traçado, ao provável! Sim, isso sim! Sou o avêsso do que por muito tempo amarguei! Não quero virar nuvem sem antes fazer o que vim pra fazer! Quero, um dia, chover as coisas boas de mim e balançar as folhas dos que me entenderão! Quero minhas palavras e melodias na pele dos sensíveis, ver o suor de quem sabe amar a vida se misturando com as gotas que vou chover. Não quero mais o mormaço ou as pedras sem fontes, tampouco os desertos. Prefiro os mares ou gotas ou letras que formam palavras ou músicas ou mesmo... lágrimas.
 

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Lá de Calcutá

Algum registro meu do milênio passado!! Quem diria... Rss...

http://poeiraecantos.blogspot.com/2008/11/jota-maranho-l-de-calcut-1986.html

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Minha Amazônia

Você tem um corpo macio demais
Um corpo com cheiro da mata
Você tem as crenças, as lendas, cristais
E o verde no dorso da mata
E suas veias são rios tão cheios
Navegam seus barcos pesqueiros
E no seu ventre o que semeia dá!...

Você tem no solo um segredo que faz
Roubar dos homens o sono e a paz
Você tem um brilho, um mistério que traz
Um vento estrangeiro, bandeiras reais
Nas suas teias aldeias ribeiras
Raízes que à raça seduz
Vem do seu colo o cheiro de Vera Cruz

Minha Amazônia!...
Minha Amazônia!...

E lhe cravaram as lanças
Confundiram dialetos
Lhe violaram criança
E as matas virando desertos

Raras vitórias régias
Léguas de doces águas
Filhos de sua história
Morrendo sem fama, nem glória!

Música e letra
Jota Maranhão e Amaral Maia

Essa música faz parte do meu primeiro disco "Navegante".

Momento mágico.

Fiz esse registro no Orkut logo após o show e agora quero deixar guardado aqui pra dividir com meus amigos.

Para Jorge Vercillo.

Canecão. Gravação do DVD “Todos Nós Somos Um”
31/Out e 1/Nov 2008

Mais do que a alegria contagiante de cada um que circulava pelos bastidores à espera do início do show, o que imperava de forma suave, doce e serena era a generosidade que todos os envolvidos emprestavam ao evento. Tudo aconchegado pela luz do intérprete, compositor e amigo que estava regendo uma orquestra que ia muito além dos músicos. O Jajá, aquele que leva e traz o violão pro Vercillo no palco, por exemplo, quando começou “Ela Une Todas as Coisas”, me confessou ali do lado, que canta sempre essa música pra mulher dele. E o segurança saiu do seu posto, perdeu a pose ao ouvir “Final Feliz” e me segredou:_ “Essa é antiga mas é a que mais gosto!”. Eu mesmo não contive as lágrimas e soluços ao ouvir todo mundo cantando “Encontro das Águas”! Presenciar esses momentos de afeto já valeriam estar ali junto com meu parceiro! Mas dessa vez ele foi mais longe. Fez o palco do Canecão virar sua sala de estar. Recebeu amigos com a intimidade do dia a dia. Chamou para o seu lado a simpatia e a voz maravilhosa de Sérgio Moah, fez questão da presença de Dudu Falcão, um dos nossos maiores letristas, cantou sua canção com Fátima Guedes, numa reverência à uma diva, e me deu um presente inesquecível e quase impossível de descrever com as simples palavras que conheço, quando cantamos “Filosofia de Amor”, uma música minha, escolhida por ele para estar no meu CD, e que ao mesmo tempo em que mostrava a canção para o público, me colocava, pela primeira vez, no palco do Canecão, o solo sagrado da MPB, lotado e com toda aquela energia maravilhosa! Disse no palco e repito aqui o quanto meu parceiro foi generoso e o quanto cresceu no coração dos seus fãs e amigos. Sei que estou passando a emoção de todos porque falávamos muito sobre isso no camarim. Ainda estou sentindo o calor dos olhares e as vozes cantando conosco num “coro lindo”! Um momento terno que será eterno! Ele me mostrou que, com a generosidade, podemos estar cada vez mais juntos e ter a sensação de sermos um!
Um beijo de gratidão e amizade, e que todas as forças do bem estejam sempre no caminho desse meu amigo, irmão e parceiro!

Jota Maranhão
Novembro/2008